Façamos o homem …

fevereiro 27, 2013

 Façamos o homem …

Esta expressão já foi muito explorada em vários estudos e pregações, principalmente para provar a trindade pelo uso do plural. Mas o que me chama a atenção é a conotação de ser uma obra pessoal. Vejamos.

Toda a criação anterior ao homem foi criada por uma ordem: haja, ajuntem-se, cubra-se, encham-se, sejam férteis e multipliquem-se, produza. Mas na hora de criar o homem, Deus, ou o Trio, concordaram em que Eles mesmo deveriam fazer o homem: façamos.

Outro fato curioso é que Deus (não vou mais chamar a atenção que os três sempre concordavam em o que e como deveria ser feito) não utilizou nada do que já havia sido criado para criar as demais coisas. No caso do homem, no relato detalhado, ficamos sabendo que Deus “formou o homem do pó da terra”, e repete mais para frente, “o homem que formara” (Gn 2-7,8). Ou seja, tudo foi criado, mas o homem foi formado. Isto me faz entender que somos obra pessoal, não de terceiros por ordem ou a mando de Deus, não por acaso ou por evolução aleatória sobressaindo-se e resistindo o mais forte ou mais adequado, adaptado. (Parando por aqui para não entrar na discussão criacionista x evolucionista)

Não bastando isto, Deus sopra fôlego de vida em suas narinas, tornando-o um ser vivente. Pera! As outras criaturas ditas vivas não eram vivas, viventes? Fugindo das discussões semânticas, é certo que Deus fez uma diferenciação entre o homem e o resto da criação. Ele nos formou à sua imagem e semelhança, e nos deu poder sobre toda criação. Ora, a criação não pode dominar sobre si mesma, portanto o dominador é alguma coisa separada, diferente, que tem algo mais que lhe dá este poder. A criação sempre é dominada pelo seu criador. Então Deus deu este poder ao homem, que já tinha a sua imagem e semelhança. Ou seja já era Deus conosco – Emanuel.

Fico imaginando os três planejando o homem, cada um querendo pôr todas suas características, imagem e semelhança, no projeto final. Mas não dava, o homem seria igual a Deus, e não cabia mais um na relação dos três (esta relação já era perfeita). A demais, eles queriam alguém livre com quem pudessem se relacionar. Vejam bem, livre! Não alguém que só faria o que eles mandassem, mas deveria escolher querer ou não se relacionar com seu formador, deveria entender que aquele ser estranho que tinha todo poder, era amigo, e não alguém que o dominasse de forma ditatorial, um déspota. Então ele tinha que ter alguma imperfeição. Formaram assim alguém perfeitamente imperfeito.

Pois bem, assim o fizeram, mas sabiam que esta imperfeição levaria o homem a querer ser dono de si mesmo, querer decidir o que era ou não bom para ele e seus semelhantes, ser como Deus. E isto o distanciaria definitivamente deles.

Que drama!!!! Queremos alguém que decida, mas este cara imperfeito decidirá ser igual a nós. Não dá! Ele não aguenta! Vai morrer porque não há vida longe de nós. Então o que fazer?

Bem, nós vamos conversar com eles, mostrar que tem certas cosias que não se deve fazer, que é melhor decidirem seguir o que indicamos. Mas não vai ser suficiente. Eles vão fazer aquilo que dissermos para eles não fazerem e eles vão se distanciar de nós. E pior, sem nosso amor preenchendo-os eles vão brigar entre si, um querendo ser melhor que o outro, e até se matar. E esta história piora com aqueles anjos que também quiseram ser deuses, querendo se relacionar e procriar com eles. Se chegar a este ponto, a gente chama o Noé, põe ele num barco e “lava” a porcaria que eles fizeram.

Isto também não vai resolver. A água vai fermentar o suco de uva, o Noé vai ficar meio bêbado e seu filho Cam vai fazer coisas abomináveis. Daí para frente eles vão se reunir para construir uma escada para chegar até nós. Rá, rá, rá! Como se pudessem! Mas é bom separá-los para que não sejam impossível dissuadi-los desta loucura.

Depois eles vão continuar procurando e procurando, e vão inventar um monte de deuses.  Aí a gente chama o tal Abrão e começa a preparar um povo para que um de nós vá viver entre eles. Com um de nós lá, eles devem entender qual é o caminho, a verdade e a vida. Vai ser duro, eles ora vão acreditar em nós, principalmente quando as coisas estiverem ruins, mas logo vão buscar outros deuses que aparentemente respondam suas necessidades mais imediatas. A gente manda uns caras falar e escrever, e alerta-los das besteiras que estarão fazendo mas eles não vão escutá-los e vão até matá-los.

Mas temos que insistir, se não nunca os teremos de volta. O ruim é que por mais que façamos, eles não conseguirão voltar sozinhos. Eles vão sofrer muito também: fome, escravidão, deserto, guerras e deportações. Finalmente eles entenderão que existe um só Deus. Daí Verbo, você vai viver entre eles e tentará mostrar que só há um caminho que chega a nós. Só que você vai ter que experimentar esta dor da separação para traze-los de volta. Vai ser muito duro para nós também experimentarmos a tua ausência, mas você topa? – Topo.

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